Doía-lhe o corpo. Sentia-se preenchida de um vazio que apenas se colmatava quando se achava colada à sua pele, sentia o corpo implorando pelo toque das suas mãos, pelo arrepiar do seu abraço, pela ternura do seu olhar, pelo amanhecer do seu prazer em si. Doía-lhe o corpo. Uma dor extenuante, um sufoco apertado, manietada pela vontade urgente que tinha de o sentir, pela vontade urgente que tinha de o provar. Rogava que se consubstanciasse ali na frente dela só pelo puro pensar, só pelo puro imaginar e que se pudesse saciar ali mesmo. Rogava encontrá-lo pronto a usar, pronto a dar-se-lhe todo e a fazer dela o seu objecto de prazer, o seu brinquedo favorito. Doía-lhe o corpo. E por mais que se tentasse abstrair, o seu cheiro circundava-a como que recordando o vício que lhe tinha, como que fazendo uma afirmação solene: Só em mim te virás, só em mim encontrarás o prazer, só em mim caberás. Porque te moldei para mim, porque te fiz minha, porque te quis assim, entregue ao vício do meu corpo e do que dele extraio para te oferecer.
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