Colhe-me do jardim, o beijo mais perfeito
Um bem-me-quer para eu colocar ao peito
Embaraça-me de vergonha, sem qualquer respeito
Um desassossego, já suspeito.
Trinca-me os lábios, ao teu trejeito
Suga-me a vida e o ar rarefeito
Prende-me a língua em teu proveito
Uma doce aflição, a preceito.
Inclina-me o rosto, eu não rejeito
Move-me o corpo, ao teu jeito
Deita-me sobre ti, no teu leito
Uma perdição a que me sujeito.
Beija-me toda, toda a eito
Lambe-me a torto e a direito
Solta-me o suco liquefeito
Pára só, em satisfeito.
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