Há lágrimas rebeldes. Lágrimas que nos escusamos a mostrar mas que teimam em nos escorrer rosto abaixo, traçando um trilho, um rio sem margens. Há lágrimas rebeldes. Lágrimas que provocamos porque sentimos vontade de as soltar, porque contê-las é subjugar a vontade à razão. Há lágrimas rebeldes. Lágrimas cuja origem se encontra na essência da nossa libido e, quase sem querer, quase por querer, deixamos nos invada e se solte de dentro para fora. Há lágrimas rebeldes. Lágrimas que se desmancham e nos desmancham, nos desconcertam. E escorrem. E aproveitam-se. E possuem-se. Um resquício do prazer que ainda queremos sentir, que ainda querermos fazer sentir. E degustamos cada gota, lambendo como quem lambe um ferida, saboreando, deliciados. Bebendo-a, tornando-a nossa, almejando a que uma pequena lágrima se funda em nós e dê lugar a uma torrente de delicados prazeres, de explosivos gemeres, de torneados gestos de desejo.
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