Sentia-lhe a falta. De cada vez que se achava sozinha, entregue aos pensamentos mais indecentes, aqueles que se intrometem entre as sinapses mais pacíficas, as rotineiras, as banais. Sentia-lhe a falta no toque que sabia seu, no deslizar suave das mãos por cada recanto do corpo que lhe colocava à disposição, no apertar das nádegas como que a dizer "és minha", no conferir da excitação entre as suas pernas. Sentia-lhe a falta. E instalava-se-lhe na mente a imagem dos seus corpos em uníssono, saboreando-se, degustando-se, desafiando-se, querendo-se. Sentia-lhe a falta na boca, no beijo que amava, no sentir do seu membro elevar-se com o tornear da sua língua, no sabor que lhe deixava de cada vez que o provava. Sentia-lhe a falta no cheiro que lhe deixava entranhado na memória, no aroma da sua pele tão inebriante, tão viciante, tão seu. Sentia-lhe a falta na própria falta que ele lhe fazia. Porque de cada vez que o beijava, havia já a certeza de que o beijava consumando um até logo, um até amanhã, um até sempre.
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