Tinha o corpo em euforia. Latejavam-lhe as veias pulsantes, percorrendo-lhe o interior como ácido que desfaz tudo à sua passagem. Culminava no coração que bombeava sôfrego e ávido, descompassado, acelerado, num ritmo que descrevia uma melodia ecléctica e irreconhecível. Tremiam-lhe as mãos, secava-se-lhe a boca, calava-se-lhe a voz que gritava no silêncio da sua mente. Embrenhou-se nele, pegou-o e reconheceu instantaneamente a forma e textura que se acomodavam nela e a preenchiam de plenitude e de prazer. Ansiou por lhe voltar a saborear o desejo, por o fazer seu, por o manobrar, por o envolver suavemente na boca que implorava lhe matasse a sede e a luxúria. Num instante, sentiu-se finalmente em casa. Provou-o e inebriou-se dele, do sabor que tinha gravado na memória, das pequenas gotas de prazer que se lhe alojavam nas papilas e lhe matavam o vício de tanto o querer. Chupou-o enraivecida, sugando-lhe a energia, rogando-lhe a entrega, almejando uma explosão e a reminiscência do que sempre foram um no outro. Lambeu-lhe as feridas, beijou-lhe as cicatrizes, amou-lhe a tristeza, sorriu-lhe a paixão. Lacrimejou, feliz.
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