" (...) Desviei-lhe o cabelo e dei-lhe um beijo atrás da orelha. Estava quentinho ali. Ela afastou a cabeça. Quando voltei a beijá-la no mesmo sítio, já não afastou a cabeça. Sentia-a inspirar, e depois soltou um pequeno gemido. Peguei nela e levei-a para a sala, sentando-me numa cadeira com ela ao colo. Não olhava para mim. Beijei-a no pescoço e nas orelhas. Uma mão à volta dos ombros e a outra na zona da cintura. Movimentei a mão que estava na cintura para cima e para baixo, ao ritmo da sua respiração, para que a energia má saísse.
Por fim, com um ligeiríssimo sorriso, olhou para mim. Estiquei-me e mordi-lhe a ponta do queixo.
- Que gaja marada!- disse eu.
Ela riu-se e beijámo-nos; as nossas cabeças avançavam e recuavam. Recomeçou a soluçar.
Eu recuei e disse-lhe:
- PÁRA!
Beijámo-nos outra vez. Então, peguei nela e levei-a para o quarto, deitei-a na cama, tirei rapidamente as calças e as cuecas e os sapatos, puxei-lhe as calças por cima dos sapatos e, com um pé descalço e o outro calçado, dei-lhe a melhor queca dos últimos meses. Os gerânios caíram todos. Quando terminei, fui carinhoso com ela, brincando com os seus longos cabelos, dizendo-lhe coisas. Ela ronronava. Por fim, levantou-se e foi à casa de banho.
Não regressou. Foi para a cozinha e começou a lavra pratos e a cantar.
Por amor de Deus, nem o Steve McQueen teria feito melhor."
Charles Bukowski in "Correios".
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