Havia-lhe prometido todos os prazeres ao seu alcance, todos os corpos que quisesse, todos os paus que aguentasse, todos os lábios que quisesse sugar, todos os lugares onde entrar, todos os orgasmos que pudesse alcançar. Havia-lhe prometido dedicar-se ao seu corpo, idolatrá-lo e prepará-lo, fazê-lo perfeito para tudo e para todos, fazê-lo abarcar todas as formas, todos os feitios, todos os jeitos e todas as vontades. Havia-lhe prometido uma viagem, um trapézio sem rede, um abeirar do precipício onde planava sem resvalar, um lugar onde o seu corpo era amado e desejado, onde se partilhava para se multiplicar, para recolher de cada um todo o líquido, todo o sonegar de palavras por gemidos e transes de prazer. Havia-lhe prometido o preenchimento do corpo, em toda a sua plenitude, em todos os orifícios, com a mestria da soberba e a destreza da experiência, com os ensinamentos do seu tutor e os dividendos da sua gula. Havia-lhe prometido saciar-lhe sempre a fome, colmatar-lhe as lacunas de um corpo insaciável e sempre ávido de mais, realizar-lhe as fantasias e os desejos, entregar-se em prol do seu prazer, subsumir-se a voos mais altos pois sabia que era lá que voavam em pleno gozo dos seus corpos e da sua carne, da sua satisfação e da paixão pela vida que sentiam sempre que se vinham, sempre que atingiam o cume do deleite. Havia-lhe prometido o gesto mais puro e menos conspurcado, a entrega do seu corpo, para usar e abusar, para fruir e usufruir. Dera-o, sem hesitar, sem ponderar, sem recear. Sabia que a sorte era sua, fossem as promessas cumpridas e os desejos realizados, os corpos submissos e as vontades alcançadas. Sabia que a sorte era sua, fossem os buracos preenchidos, os arfares incontidos, os toques inesgotáveis, os lamberes inefáveis, os chupares imparáveis, os orgasmos incontáveis.
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