Ela tinha uma missão: servi-lo incondicionalmente, tornar-se a amante perfeita, satisfazer todas as necessidades, saciar cada capricho, cada vontade, dar-lhe tudo para nada lhe faltar. Qual estudiosa autodidacta, testou os seus limites, entregando-se ao prazer de lhe dar prazer. Ambicionava à perfeição de o servir, de lhe disponibilizar o corpo para seu deleite, de o sentir pleno nos seus braços, de o sentir saciado com cada entrega. Gravava nos recantos da memória o rosto do seu prazer, a expressão do desejo, o sorriso do orgasmo e catalogava tudo separando as etiquetas por intensidade, quantidade, tesão, paixão, carinho. Tomava-lhe o pulso, guiando-se pelas sensações que ele lhe transmitia, estimulava-o visualmente, provocando a volúpia do seu olhar. E sempre que o sentia por perto, o seu corpo traía-a e o seu coração seguia-lhe as pisadas. Sentia-se impotente perante os sinais que a sua libido lhe enviava, resplandecentes, impossíveis de ignorar. A ideia de o poder tomar, de lhe sentir o toque, de o sentir preencher-lhe o corpo, de o sentir lamber-lhe as entranhas, de sentir os seus lábios abarcarem-na toda eram facas que lhe trespassavam a mente impedindo-a de manter a razão. E no auge da sua loucura, perpassava-lhe o corpo a vontade de o ter todo. Manobrá-lo intensamente, tirar-lhe as medidas que já conhecia de cor, inebriar-se do sabor inconfundível que a mantinha viciada e investida em lhe dar prazer. Tomava-o nas mãos e deliciava-se nele, perdendo-se no tempo, reconhecendo cada pormenor do membro que era seu e do qual não conseguiria jamais abdicar. Beijava-o delicadamente primeiro, lambendo toda a sua extensão, mordiscando aqui e ali. Torneava-o com a língua enquanto os lábios se apoderavam de cada centímetro de pele. Tomava-o inteiro depois, humedecendo-o, chupando-o sem parar. Detinha-se em pequenos segundos para de novo recomeçar, dando-lhe tempo de o saborear, de o sentir gozar cada gesto, cada carícia. Preparava-o para depois o sentir escorregar para dentro de si, inequívoco e carnal. Tinha uma missão, tentava convencer-se disso. Mas, concluía sempre, que de serva passava rapidamente a ser servida. Que aquela era uma entrega a dois, em que dando sem esperar nada em troca, acabava por receber tanto quanto de si havia oferecido, que o prazer que dava por vezes retornava em dobro. E satisfazia-se, satisfazendo.
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