Palmilhava-lhe a pele com a mestria de um navegador sem bússola. Conhecia-lhe os trilhos do corpo como ninguém. Fazia-o de olhos fechados apenas inebriado pela sensação do toque das suas mãos em cada recanto intumescido, em cada poro arrepiado, em cada milímetro de calor. E, ainda assim, de cada vez que a prendia entre as suas mãos, parecia que era a primeira vez. Encontrava-lhe sempre um pormenor novo, um sinal escondido, uma curva mais delineada, um sorriso diferente, um olhar mais perdido que o habitual. E ela, subjugada, deixava-se descobrir, deixava-se navegar aproveitando cada tontura, cada balancear, cada novo porto onde lançavam âncora. Deixava-se prender à sua mercê, guiada apenas pelas pegadas que ele lhe deixava inscritas na pele como leves socalcos na areia molhada. Permissiva, apertada, violentada, movimentada pelo seu querer, deixava-se preencher toda. Deixava-se usar muito. Deixava-se lamber sem fim. Deixava-se amar plena.
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