O corpo dela era um brinquedo, um joguete nas suas mãos, um peão a que dava corda e rodopiava sem parar e sem destino e que fazia as suas delícias, dele que lhe manobrava os fios como que se de uma marioneta se tratasse. O corpo dela era uma tábua rasa, uma folha em branco onde ele escrevia e rabiscava, onde caligrafava momentos e descrevia sensações, onde emendava e rasurava a seu bel prazer, onde desenhava emoções e lhe imprimia devoções. O corpo dela era seu para usar, para movimentar e idolatrar, para abusar e saborear, para ter sem reservas, sem pudores, sem interjeições desprimorosas. O corpo dela era seu para explorar, para descobrir, para testar e aprender as suas particularidades, as suas acções e reacções, os seus gostos e fragilidades, as suas manhas e vontades, os seus desejos e saciares. O corpo dela era um livro aberto, uma sebenta repleta de apontamentos de prazer, páginas e páginas de palavras lançadas em alvoroço, com salpicos de tinta permanente, borrões deixados no êxtase das entregas, em histórias vividas entre os dois, em orgasmos sapientes da luxúria e da paixão que pingavam nos lençóis e permaneciam como marcas impossíveis de apagar.
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