Há corpos que nos seduzem pela forma como se impõem ao olhar, como se impõem à vontade, como se impõem ao desejo num cárcere apenas comparável ao de uma inevitabilidade. Ao vê-lo, excitado, rijo, grande e inequivocamente pronto, os olhos fixaram-no e traçaram mentalmente um guião que desejava protagonizar de imediato. Saltar para cima da cama, pegar-lhe para tão só lhe tirar as medidas, para lhe sentir o tamanho e a vontade, para lhe imaginar a destreza, para lhe comandar o destino. Dobrar-se, ajeitando-se, para tão só lhe provar o sabor, para o tomar na boca e o acariciar lentamente, deslizando a língua em circunferências de sentidos exaltados, em engolires de satisfação, em manejares de luxuriante fulgor. Sentar-se, nele, guiando-o para dentro de si e ritmando as entradas e saídas ao jeito da sua vontade, ao compasso do orgasmo iminente, sentindo o fuso girar dentro de si, em rotações surreais de prazer. Há corpos que nos hipnotizam no segundo que se nos entregam, que se nos apresentam diante dos olhos, as portas da alma, nos invadem a mente num rompante, despertando o desejo e a volúpia, a paixão e a vontade, a tesão e o ardor.
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