São dois corpos embrenhados em si. Intercalam-se, entrelaçam-se, abraçam-se, mal se distinguem no emaranhado de sensações em que se movem. Afugentam o mundo que os rodeia, não o precisam, não o querem ali naquele momento. Frágeis, complementam-se um no outro, buscam o que lhes falta. Entregam-se tanto, dão-se tanto, querem-se tanto. Gostariam de ser assim sem fim. Mas o fim chega sempre e é o anunciado. Ela sabe, sente-o na força com que ele a beija, na intensidade com que, investida após investida, o sente entrar e sair de si, no súbito desespero que lhe vê plasmado no rosto. Ele sabe, sente-o na força com que ela lhe crava as mãos nas costas, na intensidade com que, investida após investida, a sente gemer e ofegar, na constrição dos seus músculos que o aconchegam mais dentro de si, no sorrir malandro que lhe vê plasmado no rosto. O fim é o anunciado mas ambos o querem como querem recomeçar e voltar a dar tudo. E ele dá-lhe tudo o que tem, deposita nela o sabor do seu prazer, envolto no prazer escorregadio que também ela sentiu. Secam-se. Secam-se apenas para mais tarde se voltarem a querer e se acharem de novo um no outro querendo o fim sem descurar o meio e antecipando um recomeçar.
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