Falamos dialectos de paixão e sofredora ternura que inventámos e tornámos nossos à medida que os nossos corpos se acharam cada vez mais cientes um do outro. Falamos a linguagem dos enamorados em gestos doces, olhares desadequadamente demorados, enlaçar de dedos desinteressados apenas interessados no contínuo tocar, no contínuo manter das suas peles unidas. Falamos a língua dos amantes em trejeitos de loucura, em palavras delirantes e gemidos absurdamente sentidos, em prazeres sórdidos e brutais, em entregas unânimes e viciantes. Falamos em silêncio, em beijos profundos, em suspiros arfados, em amares contidos, em arrepios espontâneos, em orgasmos colossais. Falamos do que é nosso e do que somos, partilhamos o nós e o que queremos, falamos de amor, falamos de sexo, falamos do ontem e do amanhã na certeza que o hoje é nosso nos gestos e palavras da língua que criámos e da qual somos os melhores aprendizes.
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