Não se contentava com pouco, o mais e o maior, tinham um íman demasiado intenso para se deixar cair na rotina dos dias, na certeza da passividade. Invariavelmente, escorria desejo, flutuava nas águas do prazer, afogava-se em lagos feitos de corpos e sucos que deles brotavam. O auto-controlo era travão que não conhecia, que não usava, e deixava que o corpo passeasse na senda da vontade sempre que aquele lhe mostrava sinais de excitação, sinais de tesão. Um toque, uma carícia, um olhar e o arrepio era instantâneo, o líquido formava-se-lhe como que antevendo uma fuga, como que antecipando uma entrega. Sorria, tímida, face ao corpo desgovernado que lhe pregava partidas, empurrando-a para o precipício do querer numa queda que desejava lhe tirasse o fôlego, lhe saciasse a carne, lhe alimentasse as entranhas do prazer que nunca achava em demasia. Banhava-se em paixão, sujava-se de sabores, embriagava-se de odores, bebia dos lábios o sumo do desejo, coleccionava imagens em fotossínteses de momentos, em deliciosos instantes de fruição.
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