Agora sobravam apenas os resquícios do que haviam sido. Os joelhos, doridos, macerados, esfolados, recordavam-na da violência e da urgência, da necessidade de sentir o corpo vivo, de o sentir respirar e palpitar, de o sentir negar-se a morrer, de o sentir preenchido e inundado pelo arrepio do prazer. Acreditou que cada estocada era mais um prego que selava o corpo dele no dela, que cada investida era um centímetro mais próximo da perfeição, que cada entrada era mais um gemido tendente à fusão e ao orgasmo que diluiria o sangue derramado em prol da paixão e da entrega. Colocou-se de forma estratégica na posição certa para o receber. Havia esperado o seu culminar, como alimento para se saciar, como imagem definitiva do prazer que sempre se sabiam dar, como prova do querer, como símbolo inquestionável do início do fim. Recebeu-o deliciada, orgulhosa, deixando-o escorrer por si, sentindo-o quente, espraiar-se-lhe pelo corpo e pela mente, pela carne e pelo espírito.
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