Soltou uma lágrima. E com ela se esvaíram os restos negros, sujos e lamacentos que lhe conspurcaram o espírito ao ponto de o infectarem de podridão, de tonalidades cinzento escuro a preto. Deixou atrás de si um rasto irregular, escorrendo-lhe pelas faces do rosto, como que desenhando as curvas de um percurso sinuoso. Era evidente que algo lhe havia faltado, que lhe havia sido retirado um órgão vital, deixando o coração a bater sozinho para salvaguardar a vida de um corpo de onde o sorriso havia fugido. Soltou uma lágrima. Atreveu-se a deixá-la cair enquanto se deixava preencher, reerguendo-se, sugando de um beijo o aconchego de um abraço, inspirando do toque a certeza de um querer, absorvendo saliva e sémen como fontes soberanas de vida. Limpou timidamente uma gota que lhe pousava ainda no canto do olho, suspirou e voltou a sorrir. Afinal de contas, sentia-se inteira novamente. Os fragmentos haviam sido colados com o suor de uma entrega de que nunca mais desejava abdicar.
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Soltou uma lágrima. E com ela se esvaíram os restos negros, sujos e lamacentos que lhe conspurcaram o espírito ao ponto de o infectarem de podridão, de tonalidades cinzento escuro a preto. Deixou atrás de si um rasto irregular, escorrendo-lhe pelas faces do rosto, como que desenhando as curvas de um percurso sinuoso. Era evidente que algo lhe havia faltado, que lhe havia sido retirado um órgão vital, deixando o coração a bater sozinho para salvaguardar a vida de um corpo de onde o sorriso havia fugido. Soltou uma lágrima. Atreveu-se a deixá-la cair enquanto se deixava preencher, reerguendo-se, sugando de um beijo o aconchego de um abraço, inspirando do toque a certeza de um querer, absorvendo saliva e sémen como fontes soberanas de vida. Limpou timidamente uma gota que lhe pousava ainda no canto do olho, suspirou e voltou a sorrir. Afinal de contas, sentia-se inteira novamente. Os fragmentos haviam sido colados com o suor de uma entrega de que nunca mais desejava abdicar.
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