Pergunto-me se saberás o quanto gosto de te sentir assim. Se os movimentos da minha língua te proporcionam o mesmo prazer que sentir o teu prazer me provoca a mim. Se o pegar, se o manobrar, se o ajeitar que os meus dedos, ao fecharem-se sobre ele, descrevendo um círculo, te estimulam tanto como a mim me fazem rodopiar a mente e encharcar o corpo. Se o engolir, fazendo-te desaparecer na minha boca para logo te soltar escorrendo da saliva que te fará escorregar para dentro dela, te multiplicam o desejo. Se quererás que abrande e acelere e abrande e acelere novamente. Pergunto-me se saberás o quanto gosto de te sentir assim. Se o resquício que soltas após investidas cuidadas da língua que em ti se delicia, se reflecte em prazer, em gostar, em saciar. Se saberás que o teu sabor é de tal forma único, de tal forma inebriante que gemo à medida do teu ofegar, do teu gemer. Se saberás que sentir-te crescer nas mãos que te afagam, nos lábios que te beijam, me fazem crescer, me fazem ansiar de vontade, me fazem querer saltar etapas e sentir-te logo. Pergunto-me se saberás o quanto gosto de te sentir assim. Se saberás que só pelo mero imaginar, pelo mero materializar das memórias que me deste nesta mente perversa, me encontro difusa e obtusa, incapaz de me concentrar, entregue ao prazer da vontade, num palpitar trepidante, num enlear de fios que se deixam jorrar de mim, que sinto nervosamente nela, que me aceleram o ritmo cardíaco, que me instigam a procurar-me, que me impelem a intimar-te a vires entregar-me o que mais quero, a vires saciar-me a fome que invariavelmente sinto de ti.
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(Ela) tem Caprichos Matinais
» (Ela) tem Caprichos Matinais XCIII
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